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A palavra que Jeremias, o profeta, falou a Banique, filho de Nerias, quando este escrevia num livro as palavras ditadas por Jeremias, no quarto ano de Jeoiaquim, filho de Josias, rei de Judá:
1.
A palavra que Jeremias, o profeta, falou a Banique, filho de Nerias, quando este escrevia num livro as palavras ditadas por Jeremias, no quarto ano de Jeoiaquim, filho de Josias, rei de Judá:
2.
Assim diz o Senhor, Deus de Israel, acerca de ti ó Baruque.
3.
Disseste: Ai de mim agora! porque me acrescentou o Senhor tristeza à minha dor; estou cansado do meu gemer, e não acho descanso.
4.
Isto lhe dirás: Assim diz o Senhor: Eis que estou a demolir o que edifiquei, e a arrancar o que plantei, e isso em toda esta terra.
5.
E procuras tu grandezas para ti mesmo? Não as busques; pois eis que estou trazendo o mal sobre toda a raça, diz o Senhor; porém te darei a tua vida por despojo, em todos os lugares para onde fores.
6.
A palavra do Senhor, que veio a Jeremias, o profeta, acerca das nações.
7.
Acerca do Egito: a respeito do exército de Faraó-Neco, rei do Egito, que estava junto ao rio Eufrates em Carquêmis, ao qual Nabucodonozor, rei de Babilônia, derrotou no quarto ano de Jeoiaquim, filho de Josias, rei de Judá.
8.
Preparai o escudo e o pavês, e chegai-vos para a peleja.
9.
Aparelhai os cavalos, e montai, cavaleiros! Apresentai-vos com elmos; açacalai as lanças; vesti-vos de couraças.
10.
Por que razão os vejo espantados e voltando as costas? Os seus heróis estão abatidos, e vão fugindo, sem olharem para trás; terror há por todos os lados, diz o Senhor.
11.
Não pode fugir o ligeiro, nem escapar o herói; para a banda do norte, junto ao rio Eufrates, tropeçaram e caíram.
12.
Quem é este que vem subindo como o Nilo, como rios cujas águas se agitam?
13.
O Egito é que vem subindo como o Nilo, e como rios cujas águas se agitam; e ele diz: Subirei, cobrirei a terra; destruirei a cidade e os que nela habitam.
14.
Subi, ó cavalos; e estrondeai, ó carros; e saiam valentes: Cuche e Pute, que manejam o escudo, e os de Lude, que manejam e entesam o arco.
15.
Porque aquele dia é o dia do Senhor Deus dos exércitos, dia de vingança para ele se vingar dos seus adversários. A espada devorará, e se fartará, e se embriagará com o sangue deles; pois o Senhor Deus dos exércitos tem um sacrifício na terra do Norte junto ao rio Eufrates.
16.
Sobe a Gileade, e toma bálsamo, ó virgem filha do Egito; debalde multiplicas remédios; não há cura para ti.
17.
As nações ouviram falar da tua vergonha, e a terra está cheia do teu clamor; porque o valente tropeçou no valente e ambos juntos cairam.
18.
A palavra que falou o Senhor a Jeremias, o profeta, acerca da vinda de Nabucodonozor, rei de Babilônia, para ferir a terra do Egito.
19.
Anunciai-o no Egito, proclamai isto em Migdol; proclamai-o também em Mênfis, e em Tapanes; dizei: Apresenta-te, e prepara-te; porque a espada devorará o que está ao redor de ti.
20.
Por que está derribado o teu valente? Ele não ficou em pé, porque o Senhor o abateu.
21.
Fez tropeçar a multidão; caíram uns sobre os outros, e disseram: Levanta-te, e voltemos para o nosso povo, para a terra do nosso nascimento, por causa da espada que oprime.
22.
Clamaram ali: Faraó, rei do Egito, é apenas um som; deixou passar o tempo assinalado.
23.
Vivo eu, diz o Rei, cujo nome é o Senhor dos exércitos, que certamente como o Tabor entre os montes, e como o Carmelo junto ao mar, assim ele vira.
24.
Prepara-te para ires para o cativeiro, ó moradora filha do Egito; porque Mênfis será tornada em desolação, e será incendiada, até que ninguém mais aí more.
25.
Novilha mui formosa é o Egito; mas já lhe vem do Norte um tavão.
26.
Até os seus mercenários no meio dela são como bezerros cevados; mas também eles viraram as costas, fugiram juntos, não ficaram firmes; porque veio sobre eles o dia da sua ruína e o tempo da sua punição.
27.
A sua voz irá como a da serpente; porque marcharão com um exército, e virão contra ela com machados, como cortadores de lenha.
28.
Cortarão o seu bosque, diz o Senhor, embora seja impenetrável; porque se multiplicaram mais do que os gafanhotos; são inumeraveis.
29.
A filha do Egito será envergonhada; será entregue na mão do povo do Norte.
30.
Diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: Eis que eu castigarei a Amom de Tebas, e a Faraó, e ao Egito, juntamente com os seus deuses e os seus reis, sim, ao próprio Faraó, e aos que nele confiam.
31.
E os entregarei na mão dos que procuram a sua morte, na mão de Nabucodonozor, rei de Babilônia, e na mão dos seus servos; mas depois será habitada, como nos dias antigos, diz o Senhor.
32.
Mas não temas tu, servo meu, Jacó, nem te espantes, ó Israel; pois eis que te livrarei mesmo de longe, e a tua descendência da terra do seu cativeiro; e Jacó voltará, e ficará tranqüilo e sossegado, e não haverá quem o atemorize.
33.
Tu não temas, servo meu, Jacó, diz o senhor; porque estou contigo; pois destruirei totalmente todas as nações para onde te arrojei; mas a ti não te destruirei de todo, mas castigar-te-ei com justiça, e de modo algum te deixarei impune.
34.
A palavra do Senhor que veio a Jeremias, o profeta, acerca dos filisteus, antes que Faraó ferisse a Gaza.
35.
Assim diz o Senhor: Eis que do Norte se levantam as águas, e tornar-se-ão em torrente trasbordante, e alagarão a terra e quanto há nela, a cidade e os que nela habitam; os homens clamarão, e todos os habitantes da terra uivarão,
36.
ao ruído estrepitoso das unhas dos seus fortes cavalos, ao barulho de seus carros, ao estrondo das suas rodas; os pais não atendem aos filhos, por causa da fraqueza das mãos,
37.
por causa do dia que vem para destruir a todos os filisteus, para cortar de Tiro e de Sidom todo o resto que os socorra; pois o Senhor destruirá os filisteus, o resto da ilha de Caftor.
38.
A calvicie é vinda sobre Gaza; foi desarraigada Asquelom, bem como o resto do seu vale; até quando te sarjarás?
39.
Ah espada do Senhor! até quando deixarás de repousar? volta para a tua bainha; descansa, e aquieta-te.
40.
Como podes estar quieta, se o Senhor te deu uma ordem? Contra Asquelom, e contra o litoral, é que ele a enviou.
41.
Acerca de Moabe. Assim diz o Senhor dos exércitos, Deus de Israel: Ai de Nebo, porque foi destruída; envergonhada está Quiriataim, já é tomada; Misgabe está envergonhada e espantada.
42.
O louvor de Moabe já não existe mais; em Hesbom projetaram mal contra ela, dizendo: Vinde, e exterminemo-la, para que não mais seja nação; também tu, ó Madmém, serás destruída; a espada te perseguirá.
43.
Voz de grito de Horonaim, ruína e grande destruição!
44.
Está destruído Moabe; seus filhinhos fizeram ouvir um clamor.
45.
Pois pela subida de Luíte eles vão subindo com choro contínuo; porque na descida de Horonaim, ouviram a angústia do grito da destruição.
46.
Fugi, salvai a vossa vida! Sede como o asno selvagem no deserto.
47.
Pois, porquanto confiaste nas tuas obras e nos teus tesouros, também tu serás tomada; e Quemós sairá para o cativeiro, os seus sacerdotes e os seus príncipes juntamente.
48.
Porque virá o destruidor sobre cada uma das cidades e nenhuma escapará, e perecerá o vale, e destruir-se-á a planície, como disse o Senhor.
49.
Dai asas a Moabe, porque voando sairá; e as suas cidades se tornarão em desolação, sem habitante.
50.
Maldito aquele que fizer a obra do Senhor negligentemente, e maldito aquele que vedar do sangue a sua espada!
51.
Moabe tem estado sossegado desde a sua mocidade, e tem repousado como vinho sobre as fezes; não foi deitado de vasilha em vasilha, nem foi para o cativeiro; por isso permanece nele o seu sabor, e o seu cheiro não se altera.
52.
Portanto, eis que os dias vêm, diz o Senhor, em que lhe enviarei derramadores que o derramarão; e despejarão as suas vasilhas, e despedaçarão os seus jarros.
53.
E Moabe terá vergonha de Quemós, como se envergonhou a casa de Israel de Betel, sua confiança.
54.
Como direis: Somos valentes e homens fortes para a guerra?
55.
Já subiu o destruidor de Moabe e das suas cidades, e os seus mancebos escolhidos desceram à matança, diz o Rei, cujo nome é o Senhor dos exércitos.
56.
A calamidade de Moabe está perto e muito se apressa o seu mal.
57.
Condoei-vos dele todos os que estais em seu redor, e todos os que sabeis o seu nome; dizei: Como se quebrou a vara forte, o cajado formoso!
58.
Desce da tua glória, e senta-te no pó, ó moradora, filha de Dibom; porque o destruidor de Moabe subiu contra ti, e desfez as tuas fortalezas.
59.
Põe-te junto ao caminho, e espia, ó moradora do Aroer; pergunta ao que foge, e à que escapa: Que sucedeu?
60.
Moabe está envergonhado, porque foi quebrantado; uivai e gritai; anunciai em Arnom que Moabe está destruído.
61.
Também o julgamento é vindo sobre a terra da planície; sobre Holom, Jaza, e Mefaate;
62.
sobre Dibom, Nebo, e Bete-Diblataim;
63.
sobre Quiriataim, Bete-Gamul, e BeteMeom;
64.
sobre Queriote, e Bozra, e todas as cidades da terra de Moabe, as de longe e as de perto.
65.
Está cortado o poder de Moabe, e quebrantado o seu braço, diz o senhor.
66.
Embriagai-o, porque contra o Senhor se engrandeceu; e Moabe se revolverá no seu vômito, e ele também se tornará objeto de escárnio.
67.
Pois não se tornou também Israel objeto de escárnio para ti? Porventura foi achado entre ladrões para que, sempre que falas dele, meneies a cabeça?
68.
Deixai as cidades, e habitai no rochedo, ó moradores de Moabe; e sede como a pomba que se aninha nos lados da boca da caverna.
69.
Temos ouvido da soberba de Moabe, que é soberbíssimo; da sua sobrançaria, do seu orgulho, da sua arrogância, e da altivez do seu coração.
70.
Eu conheço, diz o Senhor, a sua insolência, mas isso nada é; as suas jactâncias nada têm efetuado.
71.
Por isso uivarei por Moabe; sim, gritarei por todo o Moabe; pelos homens de Quir-Heres lamentarei.
72.
Com choro maior do que o de Jazer chorar-te-ei, ó vide de Sibma; os teus ramos passaram o mar, chegaram até o mar de Jazer; mas o destruidor caiu sobre os teus frutos de verão, e sobre a tua vindima.
73.
Tirou-se, pois, a alegria e o regozijo do campo fértil e da terra de Moabe; e fiz que o vinho cessasse dos lagares; já não pisam uvas com júbilo; o brado não é o de júbilo
74.
O grito de Hesbom e Eleale se ouve até Jaza; fazem ouvir a sua voz desde Zoar até Horonaim, e até Eglate-Selíssia; pois também as águas do Ninrim virão a ser uma desolação.
75.
Demais, farei desaparecer de Moabe, diz o Senhor, aquele que sacrifica nos altos, e queima incenso a seus deuses.
76.
Por isso geme como flauta o meu coração por Moabe, e como flauta geme o meu coração pelos homens de Quir-Heres; porquanto a abundância que ajuntou se perdeu.
77.
Pois toda cabeça é tosquiada, e toda barba rapada; sobre todas as mãos há sarjaduras, e sobre os lombos sacos.
78.
Sobre todos os eirados de Moabe e nas suas ruas há um pranto geral; porque quebrei a Moabe, como a um vaso que não agrada, diz o Senhor.
79.
Como está quebrantrado! como uivam! como virou Moabe as costas envergonhado! assim se tornou Moabe objeto de escárnio e de espanto para todos os que estão em redor dele.
80.
Pois assim diz o Senhor: Eis que alguém voará como a águia, e estenderá as suas asas contra Moabe.
81.
Tomadas serão as cidades, e ocupadas as fortalezas; e naquele dia será o coração dos valentes de Moabe como o coração da mulher em suas dores de parto.
82.
E Moabe será destruído, para que não seja povo, porque se engrandeceu contra o Senhor.
83.
Temor, e cova, e laço estão sobre ti, ó morador de Moabe, diz o Senhor.
84.
O que fugir do temor cairá na cova, e o que sair da cova ficará preso no laço; pois trarei sobre ele, sobre Moabe, o ano do seu castigo, diz o Senhor.
85.
Os que fugiram ficam parados sem forças à sombra de Hesbom; mas fogo saiu de Hesbom, e a labareda do meio de Siom, e devorou a fronte de Moabe e o alto da cabeça dos turbulentos.
86.
Ai de ti, Moabe! pereceu o povo de Quemós; pois teus filhos foram levados cativos, e tuas filhas para o cativeiro.
87.
Contudo nos últimos dias restaurarei do cativeiro a Moabe, diz o Senhor. Até aqui o juizo de Moabe.