Linguagem
Então respondeu Bildade, o suíta:
1.
Então respondeu Bildade, o suíta:
2.
Com Deus estão domínio e temor; ele faz reinar a paz nas suas alturas.
3.
Acaso têm número os seus exércitos? E sobre quem não se levanta a sua luz?
4.
Como, pois, pode o homem ser justo diante de Deus, e como pode ser puro aquele que nasce da mulher?
5.
Eis que até a lua não tem brilho, e as estrelas não são puras aos olhos dele;
6.
quanto menos o homem, que é um verme, e o filho do homem, que é um vermezinho!
7.
Então Jó respondeu:
8.
Como tens ajudado ao que não tem força e sustentado o braço que não tem vigor!
9.
como tens aconselhado ao que não tem sabedoria, e plenamente tens revelado o verdadeiro conhecimento!
10.
Para quem proferiste palavras? E de quem é o espírito que saiu de ti?
11.
Os mortos tremem debaixo das águas, com os que ali habitam.
12.
O Seol está nu perante Deus, e não há coberta para o Abadom.
13.
Ele estende o norte sobre o vazio; suspende a terra sobre o nada.
14.
Prende as águas em suas densas nuvens, e a nuvem não se rasga debaixo delas.
15.
Encobre a face do seu trono, e sobre ele estende a sua nuvem.
16.
Marcou um limite circular sobre a superfície das águas, onde a luz e as trevas se confinam.
17.
As colunas do céu tremem, e se espantam da sua ameaça.
18.
Com o seu poder fez sossegar o mar, e com o seu entendimento abateu a Raabe.
19.
Pelo seu sopro ornou o céu; a sua mão traspassou a serpente veloz.
20.
Eis que essas coisas são apenas as orlas dos seus caminhos; e quão pequeno é o sussurro que dele, ouvimos! Mas o trovão do seu poder, quem o poderá entender?
21.
E prosseguindo Jó em seu discurso, disse:
22.
Vive Deus, que me tirou o direito, e o Todo-Poderoso, que me amargurou a alma;
23.
enquanto em mim houver alento, e o sopro de Deus no meu nariz,
24.
não falarão os meus lábios iniqüidade, nem a minha língua pronunciará engano.
25.
Longe de mim que eu vos dê razão; até que eu morra, nunca apartarei de mim a minha integridade.
26.
À minha justiça me apegarei e não a largarei; o meu coração não reprova dia algum da minha vida.
27.
Seja como o ímpio o meu inimigo, e como o perverso aquele que se levantar contra mim.
28.
Pois qual é a esperança do ímpio, quando Deus o cortar, quando Deus lhe arrebatar a alma?
29.
Acaso Deus lhe ouvirá o clamor, sobrevindo-lhe a tribulação?
30.
Deleitar-se-á no Todo-Poderoso, ou invocará a Deus em todo o tempo?
31.
Ensinar-vos-ei acerca do poder de Deus, e não vos encobrirei o que está com o Todo-Poderoso.
32.
Eis que todos vós já vistes isso; por que, pois, vos entregais completamente à vaidade?
33.
Esta é da parte de Deus a porção do ímpio, e a herança que os opressores recebem do Todo-Poderoso:
34.
Se os seus filhos se multiplicarem, será para a espada; e a sua prole não se fartará de pão.
35.
Os que ficarem dele, pela peste serão sepultados, e as suas viúvas não chorarão.
36.
Embora amontoe prata como pó, e acumule vestes como barro,
37.
ele as pode acumular, mas o justo as vestirá, e o inocente repartirá a prata.
38.
A casa que ele edifica é como a teia da aranha, e como a cabana que o guarda faz.
39.
Rico se deita, mas não o fará mais; abre os seus olhos, e já se foi a sua riqueza.
40.
Pavores o alcançam como um dilúvio; de noite o arrebata a tempestade.
41.
O vento oriental leva-o, e ele se vai; sim, varre-o com ímpeto do seu lugar:
42.
Pois atira contra ele, e não o poupa, e ele foge precipitadamente do seu poder.
43.
Bate palmas contra ele, e assobia contra ele do seu lugar.